Entrevista a Ana Fragoso

Esta semana entrevistámos a bi-campeã portuguesa de bikini fitness, Ana Fragoso. Vamos conhecer a pessoa por detrás da atleta, as linhas gerais do seu treino e dieta, entre outras coisas.

Podem segui-la através da sua página no facebook: Ana Fragoso IFBB.


1) Fala-nos um pouco sobre ti e sobre como surgiu o bichinho pela musculação.

Sou uma pessoa calma, pouco impulsiva, raramente saio fora de mim, mas quando isso acontece e talvez porque não tenha esses mecanismos de exteriorizar seja o que for, reconheço que passo às vezes o limite. Sou sensível, às vezes choro por tudo e por nada. Sou teimosa, nem sempre aceito em primeira mão a opinião dos outros e muitas vezes venho a perceber que tinham razão.

No que diz respeito aos treinos, sou muito batalhadora para atingir os meus objetivos e estou sempre motivada para fazer seja o que for. Estudei Psicologia do Desporto e Exercício e fiz um curso de instrutora de fitness/musculação.

O bichinho pela musculação foi surgindo a pouco e pouco, porque comecei muito cedo nestas lides e nunca mais parei. Aos 13 anos entrei para o ginásio, por um lado, por curiosidade e por outro porque era muito magra e não gostava. A prática da musculação foi gradual à medida que iam surgindo novas necessidades e desafios.


2) Venceste todas as competições de Bikini Fitness até ao momento (em 2011 e 2012). Sentes que isto é a justa recompensa pelo teu trabalho e dedicação nesta área?

Sim, tenho sentido as minhas vitórias como uma recompensa por todo o meu esforço e dedicação a esta modalidade. Como se costuma dizer quem corre por gosto não se cansa e é isso que me tem acontecido, tenho dado sempre o melhor de mim e tenho-me preparado sempre para estar na minha melhor forma nos dias das provas.

Essas vitórias e os troféus que recebo são das melhores recompensas da minha vida.


3) Ficaste em 8º lugar na última edição do Arnold Classic Europe, em Madrid. Ficaste satisfeita? Fala-nos um pouco sobre a experiência.

Foi sem dúvida indescritível estar naquele mega evento rodeada por atletas de renome na área do culturismo e de tantas nacionalidades que nunca tinha visto ou imaginado vir a conhecer pessoalmente.

A minha satisfação foi enorme. Foi a minha primeira prova internacional, por isso ficar no top 10 foi o melhor que podia esperar. Espero sinceramente poder voltar a repetir e a melhorar o meu resultado.


4) Quais são os teus planos para o futuro nesta área do fitness?

Pretendo continuar a competir porque me sinto vocacionada para esta prática e verdadeiramente realizada por fazê-lo e poder chegar cada vez mais longe, tanto a nível de preparação física como além-fronteiras. Quero continuar a batalhar em provas internacionais e quem sabe tornar-me atleta profissional.


5) Tu és o exemplo de que a musculação não torna as mulheres masculinizadas, muito pelo contrário. Por que achas que esta ideia ainda está muito difundida?

A génese desta ideia está nos nossos primórdios, o corpo musculado sempre foi associado ao homem. Desde a época em que os alimentos se procuravam na natureza e se caçava para comer, que essa tarefa pertencia ao homem, por isso, era este que tinha o corpo desenvolvido pelo trabalho árduo e não a mulher.

A mulher era mais débil porque o trabalho que lhe pertencia não lhe desenvolvia o corpo. Ao longo do tempo esta ideia foi-se mantendo, mas felizmente está a começar a desestruturar-se em algumas mentes. Só agora porque foi passando de geração em geração e ainda hoje se entende que a mulher tem que ser feminina, sem grandes formas ou volume.

Mas o corpo da mulher é diferente do corpo do homem, mesmo a nível muscular e ainda que que seja desenvolvido não deixa de ser feminino.


6) À parte das competições, costumas fazer trabalhos fotográficos. Em 2010 fizeste um trabalho para a Playboy. Decidiste fazê-lo porque estavas à procura de uma experiência nova?

Decidi fazê-lo porque já tinha feito alguns trabalhos fotográficos como modelo e aquele era apenas mais um….Experiência nova não era porque já tinha feito trabalhos semelhantes para outras publicações masculinas.


7) Fala-nos nas linhas gerais do teu treino.

O meu treino varia de acordo com os meus objetivos e também para não habituar o corpo sempre à mesma rotina. Posso dizer que quando estou em preparação para uma competição sigo um treino de resistência com altas repetições e pouca carga, porque o meu objetivo é apenas definição e qualidade muscular.

Dou também muita importância à parte cardio vascular. Nas alturas de off-season, que duram sempre menos tempo, treino hipertrofia com muito peso e pouca repetição, sobretudo ao nível das pernas e glúteos. Confesso que é este o meu tipo de treino preferido, também porque prefiro ver-me um pouco mais pesada e volumosa.


8) Fala-nos um pouco da tua alimentação. Que cuidados especiais procuras ter?

Faço refeições de 3 em 3 horas e procuro controlar sempre tanto aquilo que como como a sua quantidade. Acima de tudo procuro ingerir todos os nutrientes essenciais, tais como a a proteína na dose necessária, pois é o nutriente essencial na construção da massa muscular.

Há também que ter cuidado com a gordura que ingerimos. A melhor opção é sempre o azeite e procurar outras fontes de gordura saudáveis, tais como os frutos secos, entre eles nozes, amêndoas, amendoins e ainda outros frutos como o abacate que contém gordura saudável para o nosso corpo.

Basicamente, faz parte da minha alimentação: aveia, claras de ovo, frango, peixe, atum, arroz integral, legumes, entre outros. Em relação aos líquidos que ingiro: apenas água ou sumo de laranja natural.


9) Em que difere a tua alimentação em época de competição para alturas off-season?

Por norma, a minha alimentação não varia muito entre época de competição ou fora dela. Nas épocas de competição o que é prescrito é para cumprir à grama e pode fazer a diferença entre estar verdadeiramente em forma e sentir que algo podia ter corrido melhor.

Fora das épocas de competição as regras não existem, mas um atleta procura fazer o melhor e estar sempre saudável. No entanto, confesso que nesta época como mais, até porque o treino o exige tendo em conta que prefiro sempre ter mais volume.


10) Tomas suplementos? Quais consideras essenciais?

Tomar suplementos torna-se na vida dos atletas uma condição, mas há uma variação consoante a fase do treino em que me encontro. Os que considero essenciais são proteína whey e vitaminas.


11) Para terminar, que dicas darias às mulheres que queiram começar a praticar musculação e eventualmente entrar em competições de fitness?

Para quem está a começar a treinar agora diria que não tenham medo de treinar pesado porque, ao contrário do que possam pensar, a mulher tem imensa dificuldade em ganhar massa muscular comparada ao homem. A testosterona é a hormona responsável pelo incremento de massa muscular e os nossos níveis desta hormona são ínfimos.

Por isso meninas deixem a passadeira e a elíptica, deixem os pesos leves e as altas repetições porque para ganhar curvas e formas é necessário treinar pesado e sem medo.

Não basta só o treino para se entrar em competições, também é preciso preparação e mentalização psicológica. Saber que sem esforço, determinação e motivação não se consegue enveredar por estes caminhos.

E por último, o tal regime alimentar adequado e cuidado porque o treino só por si não basta para se atingirem os resultados esperados.

Não percas a entrevista em vídeo:

Autor: Ta Fitness

O Tá Fitness nasceu em 2012. É um portal dedicado ao exercício físico, à alimentação e ao bem-estar.

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