Existe um novo ingrediente que começa a aparecer nas fórmulas mais recentes dos anabólicos naturais (também conhecidos por pro-hormonais): o ácido d-aspártico. Como exemplos de produtos topo de vendas na sua categoria que contêm este aminoácido não essencial temos o Test Powder (USP Labs), o T-Up Black (Nutrex) e o Anotest (Muscletech).
Mas será este o novo ingrediente sensação no que toca ao aumento dos níveis de testosterona? Qual a investigação científica por detrás do ácido d-aspártico?
O que é o ácido d-aspártico?
O ácido d-aspártico é uma das duas formas do ácido aspártico, um aminoácido não essencial. A outra forma é o ácido l-aspártico. O ácido d-aspártico é formado através da enzima aspartate racemase, que converte o ácido l-aspártico em d-aspártico nos testículos e nas glândulas.
O ácido d-aspártico funciona como um neurotransmissor. Ele atua na região central do cérebro e estimula a libertação de hormonas [*1], como a hormona luteinizante, a hormona folículo-estimulante e a hormona de crescimento.
Ele também está presente na cartilagem humana [*2], esmalte [*3] e também compõe as membranas dos glóbulos vermelhos [*4]. A nível dietético, este aminoácido pode ser encontrado na proteína de soja, caseína e na proteína do milho.
Ácido d-aspártico aumenta a testosterona?
O estudo responsável por destacar o ácido d-aspártico como grande impulsionador hormonal foi publicado em 2009. Neste estudo, os 23 participantes consumiram todos os dias, durante 12 dias, 3,2 gramas de ácido d-aspártico. Os níveis plasmáticos de hormona luteinizante e testosterona foram avaliados no início do estudo, bem como nos dias 6 e 12 e novamente 3 dias após o término do mesmo.
No final dos 12 dias de estudo, verificou-se um aumento de 33% e 42% nos níveis de hormona luteinizante e de testosterona, respectivamente, nos indivíduos que consumiram o suplemento [*5].
Os resultados deste estudo foram replicados mais tarde por outro estudo. Nele, um grupo de 60 indivíduos com problemas de fertilidade consumiram todos os dias, durante 90 dias, 2,66g de ácido d-aspártico. Os resultados foram bastante satisfatórios, tendo sido registados aumentos nos níveis sanguíneos de testosterona na ordem dos 30 a 60% [*6].
Os investigadores reportaram que o tratamento com este suplemento melhorou o número e a mobilidade dos espermatozóides e, consequentemente, a taxa de gravidez observada dos seus parceiros.
Só uma pequena observação para consideração: o produto utilizado em ambos os estudos pertencia à marca que os financiou.
A coisa parecia estar a correr bem para os lados do ácido d-aspártico, no entanto, um estudo publicado em Agosto de 2013 veio colocar dúvidas sobre a eficácia deste suplemento. Este estudou combinou o treino de resistência 4 vezes por semana com o consumo de 3g de ácido d-aspártico ou 3g de um placebo.
No final dos 28 dias do estudo, os investigadores observaram que os índices de composição corporal e força muscular aumentaram em ambos os grupos, no entanto, sem diferenças significativas entre si. Igualmente, não existiram diferenças dignas de nota nos níveis hormonais dos indivíduos de um grupo e outro [*7].
Nota: optei por excluir os estudos realizados em ratos ou outros animais.
Como tomar ácido d-aspártico?
As doses de ácido d-aspártico utilizadas nos estudos situam-se entre as 2g e as 3g. A evidência científica ainda é escassa demais para ser possível dizer se este suplemento deve ser ciclado ou consumido diariamente.
É seguro tomar ácido d-aspártico?
No estudo da referência [*6], no qual os participantes consumiram 2,66g de ácido d-aspártico por 90 dias, não foram registados efeitos secundários negativos. Não existe, até à data, evidência científica que tenha analisado um tempo de suplementação superior a este período.
Conclusão
Tendo em conta os estudos científicos disponíveis até à data, o ácido d-aspártico parece ser eficaz a aumentar os níveis de testosterona de indivíduos inférteis ou com problemas hormonais, bem como a melhorar a qualidade dos espermatozóides.
No entanto, não parece trazer grandes benefícios a atletas que apresentem níveis hormonais normais.
REFERÊNCIAS OU NOTAS:
[*1] – Pampillo, M. et. al, The effect of D-aspartate on luteinizing hormone-releasing hormone, alpha-melanocyte-stimulating hormone, GABA and dopamine release, Neuroreport. 2002 Dec 3;13(17):2341-4
[*2] – Maroudas, A., Palla, G., Gilav, E., Racemization of aspartic acid in human articular cartilage, Connect Tissue Res. 1992;28(3):161-9
[*3] – Helfman, P. & Bada, J., Aspartic acid racemization in tooth enamel from living humans, Proc Natl Acad Sci U S A. 1975 August; 72(8): 2891–2894
[*4] – Perna, A. et. al., D-aspartate content of erythrocyte membrane proteins is decreased in uremia: implications for the repair of damaged proteins, J Am Soc Nephrol. 1997 Jan;8(1):95-104
[*5] – Topo, E. et. al., The role and molecular mechanism of D-aspartic acid in the release and synthesis of LH and testosterone in humans and rats, Reprod Biol Endocrinol. 2009; 7: 120
[*6] – D’Aniello, G. et. al., D-Aspartate, a Key Element for the Improvement of Sperm Quality, Advances in Sexual Medicine, Vol. 2 No. 4, 2012, pp. 45-53
[*7] – Willoughby, D. & Leutholtz, B., d-Aspartic acid supplementation combined with 28 days of heavy resistance training has no effect on body composition, muscle strength, and serum hormones associated with the hypothalamo-pituitary-gonadal axis in resistance-trained men, Nutrition Research Volume 33, Issue 10 , Pages 803-810, October 2013
Autor: Ta Fitness
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